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Recepção aos Ingressantes Indígenas na Unicamp

A recepção dos ingressantes indígenas para os cursos de graduação e pós-graduação 2020 ocorreu na quinta-feira, dia 27. Os ingressantes foram recepcionados a partir das 8:30 com café da manhã e a entrega de kits no Centro de Convenções (CDC).

No auditório do CDC, aconteceu uma mesa de conversa com a equipe da reitoria que contou com a presença  do Reitor, prof. Marcelo Knobel, a Pró-Reitora, Profª Eliana Amaral e a responsável pela Calourada 2020, Profª Daniela Gatti. Foram convidados dois alunos para a cerimônia, Edilena Alves, aluna no 4° ano de Pedagogia, uma das veteranas indígenas a mais tempo na Universidade e Arlindo Gregorio, estudante de Engenharia Elétrica que ingressou no ano de 2019 no primeiro Vestibular Indígena.

Arlindo em seu discurso na cerimônia de abertura comenta: “Há um ano atrás éramos nós passando por uma mistura de sensações nesse espaço desconhecido, felizes por estar realizando sonhos, mas desconfiados por não saber o que nos aguardava. Afinal não é fácil buscar conhecimento, na tentativa de contribuir na melhoria na qualidade de vida das comunidades e  para a sociedade de um modo geral.”

A mudança não é fácil

Marcelo knobel diz: “Não é simples a mudança que vocês estão tendo, por isso tem que estar atento e cuidando para que vocês tenham uma experiência excelente na Unicamp, que possam absorver e trazer conhecimento e ao mesmo tempo estar bem, ou seja, viver feliz”.


A Pró-reitora Profª Eliana Amaral fala sobre a importância da integração: “A Unicamp tem sido conhecida como uma instituição que pensa no seu papel social, todas as ações tem por objetivo mostrar o que se acredita, o valor da diversidade dentro da Universidade  para avançar no conhecimento e desenvolvimento do país”. Comenta a principal  diferença dessa calourada, que foi a participação ativa dos veteranos indígenas para ajudar na organização, na integração e permanência dos estudantes. Profª Daniela Gatti comenta que a diferença vai ser o maior tempo que os ingressantes terão com as Assistentes Sociais, que irão ajudar a compreender a organização da Universidade e darão orientações mais claras.

Após um convite do reitor os novos alunos subiram ao palco para se apresentarem mostrando a diversidade dos povos. Oriundo de diversas localidades do Brasil, são 65 alunos do Estado do Amazonas, 6 de Pernambuco e 24 da região de São Paulo.

A inscrição dos alunos aconteceu na Diretoria Acadêmica (DAC). E depois, veteranos de alguns cursos se encontraram com os novos alunos e foi um momento de integração, onde puderam se conhecer melhor.

“Quando a gente fala ‘parente’ não distingue de onde é, de qual etnia, quando se fala se sente mais próximo”.

O aluno de Letras, John, que também entrou no Vestibular Indígena 2019 e faz parte da Rede de Apoio Ñandutí comenta:”É muito boa a experiência de receber o calor da recepção de pessoas que a gente não conhece e estar envolvido em uma causa, que se parar para pensar, vira afeto de família. Quando a gente fala ‘parente’ não distingue de onde é, de qual etnia, quando se fala se sente mais próximo.”

Tamires, ingressante no curso de Ciência Biológicas, vem de Suzano é descendente  de uma etnia do estado de Pernambuco. Veio acompanhada por sua família. A mãe, Célia, é pernambucana e comenta sobre essa oportunidade que a Universidade abriu: “Acho muito importante para que os nosso filhos possam cursar o ensino universitário, pois senão fica muito complicado, foi a melhor maneira de ajudar o nosso povo.”

Arlindo fala: “não é apenas um Vestibular Indígena, é um símbolo de resistência e de reconhecimento, procurar no espaço universitário um aliado ao nosso conhecimento e buscar a ocupação de  espaços que são nosso de direito. A partir da Universidade, vamos buscar o conhecimento para ocupar os espaços e falar por nós, e decidir por nós.”

As alunas veteranas de Pedagogia Pamela, Mariana e Gemina que estavam recepcionando os alunos, dizem que ajuda a relembrar o que passaram  e as faz querer fazer melhor para eles se sentirem acolhidos, que é um misto de diversidade e um pouco de desafiador.

Texto: Giovana Lima, com supervisão Profª Daniela Gatti
Fotos: Antonio Maximiliano Torquato